NADA COMBINA COM DROGA - NEM A VIDA

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

LAGOA DA MORTANDADE - EUGÊNIO DE CASTRO, RS

LAGOA DA MORTANDADE - EUGÊNIO DE CASTRO, RS

LAGOA DA MORTANDADE:90 ANOS DE HISTORIA
Eugenio de Castro - RS

































O Início do Brasil República não foi um momento de muita paz em todo o país. No Rio Grande do Sul não foi diferente, pois aqui não existia um clima de muita cordialidade entre os governantes e as elites de estancieiros. Suspeita de fraudes eleitorais eram comuns nas eleições. Serviu de estopim para  o Governo Borgista arrumar  oposição por todo o
















Foto de Rui Gonzalez/JM
Rio  Grande do Sul. A oposição liderada pelo chefe civil Assis Brasil e diversos grupos militares locais levantam armas em 11 de fevereiro de 1923 que exigem  o fim da "era Borges".
No Rio Grande do Sulo grupo de Assis Brasil organizou  cinco divisões.  Cada uma com um comando independente. Logo foram chamados de "generais". A região da campanha e missões ficou a cargo de Honório Lemes "o Leão do Cavará" e de outro lado as forças governistas na mesma região, o comando era a cargo do Cel. José Antônio Flores da Cunha.
Aloisio Vier - professor Volmar Alves Teixeira - professor
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FOTOS DE ÁLVARO FOGLIATTO, HAAS MD, eDUARDO F. DE OLIVEIRA, www.pmeuca.com.br e google maps.

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No dia 22 de março de 1923,Honório Lemes e seu grupo inicia sua marcha em Pio Pando, no Mato Seco em uma estância em Terras Alegretenses  com objetivo de acertar umas contas com o Flores da  Cunha (TELLES  2012, p. 72) . Foram percorridosos mais distintos locais. Passaram pelas terras de Uruguaiana, São Gabriel, Livramento, Dom Pedrito, entre outros lugares e no mês de setembro, dia 23, Honório e seus comandados seguem rumo às missões ,que em 3 de outubro  a coluna se aproxima de São Franco de Assis.Já no dia 13 do mesmo mês estavam em São Luiz Gonzaga e dali saiam rumo a Santo Ângelo para um encontro com o Marechal Setembrino de Carvalho para as primeiras negociações de paz , o que não chegou a acontecer pois o encontro foi  interrompido com a batalha que ficou conhecida como"COMBATE  DO CARAJAZINHO" no dia 17 de outubro de  1923 (TELLES, 2012, p .141).  Flores da Cunha soube que o Marechal Setembrino, Ministro da Guerra havia marcado um encontro com Honório Lemes para uma conferência em Santo Ângelo para tratar sobre a paz da Revolta Libertadora em 1923. Foi aí que Flores decidiu ir até o local marcado para a entrevista ministerial, pois estava "disposto a evitar ou interromper" o encontro (CUNHA, Discursos, 1999, p. 210). Para interceptar o caminho de Honório Lemes, Flores dirigiu-se em direção a São Luiz Gonzaga e São Miguel. Pouco adiante pararam para carnear e dar descanso aos homens e animais. "As reses abatidas deram carne magra e engelhada: quase não se prestava para assar" (CUNHA: discursos. 1999, p. 219). Após chamuscada apressada na carne, Flores e seus homens descansaram, deu um banho no seu cavalo e escolheu algumas metralhadoras leves e resolveu que as duas horas da tarde recomeçaria a marcha  em perseguição a Honório Lemes.  Flores da Cunha troteou por muitas léguas sem ter notícias de seus vanguardeiros. Pela tarde encontrou-os apeados comendo laranjas na propriedade da família Kruel. Estes eram comandados pelo capitão Antoninho Pacheco de Campos. Foi ali que Flores perguntou do inimigo e ele respondeu que estavam dali a menos de 1000 metros. Flores da Cunha também "aceitou  umas laranjas, oferecidas pelas  senhoras daquela estância" (CUNHA: Discursos, 1999, p. 220). Em seguida ordenou o ataque e dirigiu-se para frente. 
Era 17 de outubro de 1923. Honório Lemesjá sabia da presença de Flores da Cunha e estava acampado ali perto carneando algumas reses para o café da manhã. "Foi feito fogo para atrair Flores e se retiraram, ficando de tocaia. E Flores mordeu a isca..." (TELLES, 2012, p. 141). É quando Honório dá a ordem de atacar. CUNHA no livro diz o seguinte: "Estando toda a nossa gente apeada, mandei montar e preparar-se para a carga. Não pude, entretanto, desferi-la porque o inimigo já trazia a sua e levou-me por diante. Houve um momento de pânico e de debandada" (Discursos. 1999, p. 220). Telles, em seu livro escreve: "alguns conseguiram chegar até os cavalos e montar fugando. O próprio Flores quase foi alcançado por Democratino da Silveira e Mallet dos Santos..." (2012, p. 141). Este encontro aconteceu próximo a Lagoa da Mortandade. Flores da Cunha conseguiu reunir seus companheiros e voltou para proteger o Major Laurindo Ramos. Se fizeram fortes e puderam conter o  inimigo. Os revolucionários viram-se obrigados a se retirar. O combate entre chimangos e maragatos foi inusitado e de intensidade. "As descargas cerradas sucediam-se ininterruptamente e por longo espaço de tempo". (CUNHA: Discursos, 1999, p. 220). Esse combate "ficou conhecido popularmente por Combate do Carajazinho". Aconteceram várias mortes e muitos feridos tanto dos governistas quanto dos revolucionários.

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No final do Combate do Carajazinnho, os revolucionários liderados por Honório Lemes seguiram para São João Mirim e deixaram na casa do Sr. Libindo Pereira Viana, dois tenentes gravemente feridos. O proprietário da casa atendeu os feridos. Flores da Cunha e suas tropas pernoitaram no acampamento de Honório Lemes onde aproveitaram parte da carne abatida pelos revolucionários. O grupo estava muito cansado, mas Flores se consolava"de haver impedido a realização da Conferência aprazada para Santo Angelo, pois forçara o inimigo a desviar-se dali, tornando impossível o encontro com o ministro da guerra" (CUNHA:Discursos, 1999, p. 221). No dia seguinte bem cedo, Flores da Cunha e sua tropa recomeçaram a marcha. Em seus discursos diz assim: "...ao alcançarmos  São João Mirim, caía como uma bomba o boato de que, em casa dali vizinha, se achava gravissimamente ferido um dos chefes da coluna de Honório Lemes". (1999, p. 221).E ainda segue: "também encontraram à beira da Lagoa da Mortandade estendido e degolado um soldado". Flores da Cunha se dirigiu atéa casa do Sr Libindo Pereira Viana onde se encontravam os feridos. Era o Coronel Democratino Silveira e o Tenente Flores Trindade. Eram velhos conhecidos. Conversou com eles. Fez refeições ali mesmo e foi "acolhido com satisfação e fidalguia, onde serviram café com leite, acompanhado de rico bolo e manteiga". (CUNHA, Discursos, 1999, p. 222). Na mesma ocasião também deixou por escrito "ordens terminantes ao comandante da retaguardapara fazer respeitar a casa, seus moradores e os 2 feridos nela em tratamento". Em seguida rumou com suas tropas em direção a Tupanciretã e Santa Maria.A Lagoa da Mortandade fica localizada na localidade de São João Mirim distante 28 km da cidade de  Eugenio de Castro. Situa-se a uma altitude de 357m.

A LAGOA DA MORTANDADE

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É um ponto importante por ser um entroncamento que dá acesso a Entre Ijuis, São Miguel e Coimbra. É uma das poucas lagoas que possui margens com barranco, uma característica muito peculiar. Suas águas são turvas e não possui uma nascente de água. É mantida apenas pelas águas da chuva. Possui um espelho de água aproximadamente 1,5 hectares de área. Localiza-se no alto de uma coxilha próximo ao divisor de águas que dá origem a duas bacias hidrográficas: bacia do rio Ijuizinho e bacia do rio Piratini. O seu entorno é ocupado para atividades agropecuárias. O nível de suas águas está diminuindo nos últimos anos. Por ser um lugar histórico e por terem passado ali as forças de Flores da Cunha e Honório Lemesé tema de estudo  para muitas pessoas, intelectuais,  professores e alunos das escolas do município.  Pessoas de outros lugares estão interessados em conhecer a históriado lugar por que ali aconteceram fatos relevantes que fazem parte da historia do Rio Grande do sul e evidentemente de Eugênio de Castro. No imaginário popular existem muitas histórias e lendas. Nela teriam sido jogados corpos de pessoas que teriam morrido no combate. Acredita-se que ela é assombrada, que os animais não a atravessam e que não queriam beber das suas  águas,  que ninguém dorme a noite no local e que no meio haveria um sumidouro e que poucos peixes conseguem sobreviver.Este ano são comemorados os 90 anos de sua história. Pois foi no dia 17 de outubro de 1923 que próximo a ela aconteceu um importante combate da Revolução Libertadora entre as forças revolucionárias de Honório Lemes e as forças de Flores da Cunha conhecido popularmente como Combate do Carajazinho. (Bibliografia consultada:José Antônio Flores da Cunha: discursos (1909-1930); org. Carmen Aita e Gunter. Assembléia Legislativa do RS, 1999.  TELLES , Jorge. Honório Lemes, 2012.)