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quinta-feira, 10 de julho de 2008

COMO ANIMAIS ELEGEM SEUS LÍDERES



ABELHAS CONTRA SHAKESPEARE

No interior da colméia, a abelha rainha aproxima-se do alvéolo onde se desenvolve a futura soberana. Ela quer escutá-la. A abelhinha em gestação já é uma pupa, ou seja, não se trata mais de uma larva, e está em vias de atingir o pleno amadurecimento. Separadas pela fina membrana da cela real, as duas trocam uma conversa (assim como os humanos, as abelhas usam um conjunto de sons para se comunicar). A rainha quer saber se a sua filha já está pronta para tomar o seu lugar. Depois, a matriarca – junto com seu séqüito de abelhas trabalhadoras – rumará para o exílio e formará uma nova colméia, ou se preparará para a morte. Quando isso acontecer e a futura rainha sair da cela real (a cavidade na colméia onde ocorre a gestação), a sua primeira tarefa será macabra. Destruirá o alvéolo de todas as irmãs ainda não nascidas, que também poderiam ser rainhas. O ato sangrento é essencial para a paz da colméia. Se a nova rainha não o cometer, a colméia pode abrigar uma disputa familiar tão funesta quanto a que envolveu as irmãs Goneril, Regane e Cordélia na tragédia Rei Lear, do dramaturgo inglês William Shakespeare. Na peça, o rei Lear decide deixar o trono em nome das 3 filhas. Sem querer, o soberano desencadeia uma disputa entre as irmãs e outros membros da família real. A briga acaba com Lear e Cordélia presos e executados, Regane envenenada e Goneril morta por suicídio.
Se não acontece nas colméias, a tragédia de Shakespeare está mais perto do mundo dos leões. Entre os reis da floresta, 80% dos filhotes não alcançam a maturidade. Muitos morrem por falta de comida, mas um grande número de filhotes é assassinado por outros leões machos sem vínculo de parentesco com as crias.

Texto de ÁLVARO OPPERMANN

Da Revista SUPER INTERESSANTE/junho/2008

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