A INDIGNAÇÃO
Escrito por Bert Hellinger
Quando nos tornamos indignados sobre uma situação qualquer, parece
que estamos do lado do bem e contra o mal, do lado da justiça e contra a injustiça. Parecemos então ser aquele que intervém entre o agressor e sua vítima de modo a impedir um mal maior. Contudo, pode-se também intervir entre eles com amor, e isso seria, com certeza, melhor.
Assim, o que o indignado quer? O que ele realmente obtém? O indignado
se comporta como se ele próprio fosse uma vítima, embora não seja. Ele assume o direito de exigir uma reparação do agressor embora nenhuma injustiça tenha sido feita pessoalmente a ele. Ele assume a tarefa de advogado das vítimas, como se elas tivessem dado a ele o direito de representá-las; e fazendo assim, deixa as verdadeiras vítimas sem direitos.
E o que faz o indignado com esta pretensão? Ele toma a liberdade de
fazer coisas más aos agressores sem medo de qualquer consequencia ruim para sua própria pessoa; pois suas más ações parecem estar a serviço do bem, e assim elas não temem qualquer punição. De modo a manter sua indignação justificada, tal pessoa dramatiza tanto a injustiça sofrida pelas vítimas quanto as consequencias das ações da parte culpada. Ela intimida as vítimas a verem a injustiça pelo mesmo modo com ela mesma vê. De outro modo, caso as vítimas não concordem, tornam-se suspeitas e alvo de uma indignação justificada, como se elas mesmas fossem agressores.
Da perspectiva da indignação é difícil para as vítimas deixar seu
sofrimento ir embora, e é difícil para os agressores deixarem sua culpa ir embora. Se às vítimas e aos agressores for permitido encontrar uma resolução e uma reconciliação por seus próprios meios, elas podem se permitir, uma a outra, um novo começo. Mas se a indignação entra em cena, tal resolução é muito mais difícil, pois o indignado, geralmente, não fica satisfeito até que o agressor tenha sido completamente destruído e humilhado, mesmo que isto, ao ser feito, intensifique o sofrimento das vítimas.
A indignação é em primeiro lugar uma questão de moralidade. Isto quer
dizer que o indignado não está realmente preocupado em ajudar outra pessoa, mas comprometido com uma certa demanda para a qual ele se proclama o executor.
Deste modo, ao contrário de alguém que ama, tal pessoa não conhece nem
contenção, nem compaixão.
“Nós estamos liberados do mal quando podemos, serenamente, deixá-lo
ir.” ***********************************************************************
"No final, é sempre entre nós e Deus" (Madre Tereza de
Calcutá)
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segunda-feira, 18 de junho de 2012
A INDIGNAÇÃO
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