Depressão surge como grande vilão moderno no trabalho
Segundo psicólogo, não foi o número de casos que aumentou, mas sim o registro desses casos.
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(Da Redação) - Embora lesões derivadas da repetição ainda seja a causa mais popular de afastamento do trabalho, outro mal moderno surge como grande vilão dos funcionários: a depressão.
Segundo o Ministério da Previdência, em balanço mensal, o número de trabalhadores afastados por depressão no país cresceu 16,57% entre janeiro e julho comparação com igual período de 2007.
Segundo o psicólogo do Centro de Referência à Saúde do Trabalhador em Rio Claro, José Carlos Duarte, o aumento pode ser explicado pelo conhecimento mais amplo do que motivou o afastamento: "Não é que os afastamentos aumentaram por conta do aumento de casos de depressão relacionados ao trabalho. O que houve foi o aumento dos registros desses casos, por conta de uma lei federal, assinada pelo presidente Lula", explica.
As doenças ocupacionais foram responsáveis por 189,8 mil liberações de benefícios entre janeiro e julho deste ano. Não parece haver, segundo Duarte, uma área profissional específica em que os funcionários estejam mais vulneráveis: "Os transtornos mentais ligados ao trabalho têm aparecido em todas as profissões, fruto da forma como o trabalho está organizado no mundo contemporâneo", analisa.
E um dado preocupante é que tais problemas têm maior incidência na faixa etária mais produtiva - de 20 e 55 anos.
Para o psicólogo, não há ainda uma preocupação verdadeira das empresas com o bem-estar de seus funcionários e a pressão exacerbada por resultados e competitividade favorece o quadro: "Com raríssimas excessões, de modo geral, as empresas não encaram o gasto com segurança no trabalho como investimento e sim como custo. Tais questões não são prioridade para as empresas. Espera-se que esse quadro se modifique a partir do próximo ano, quando as implicações da lei a que me referi irão repercurtir financeiramente para as empresas", afirma.
O Nexo Técnico Epidemiológico (NTE) a que o psicólogo se refere é uma metodologia que consiste em identificar quais doenças e acidentes estão relacionados com a prática de uma determinada atividade profissional. Com o NTE, quando o trabalhador contrair uma enfermidade diretamente relacionada à atividade profissional, fica caracterizado o acidente de trabalho. Nos casos em que houver correlação estatística entre a doença ou lesão e o setor de atividade econômica do trabalhador, o Nexo Epidemiológico caracterizará automaticamente que se trata de benefício acidentário e não de benefício previdenciário normal.
Com a adoção dessa metodologia, a empresa deverá provar que as doenças e os acidentes de trabalho não foram causados pela atividade desenvolvida pelo trabalhador, ou seja, o ônus da prova passa a ser do empregador, e não mais do empregado. Até a entrada em vigor do NTE, ao sofrer um acidente ou contrair doença, o INSS ou o trabalhador, ainda são os responsáveis por comprovar que os danos haviam sido causados pela atividade então desempenhada.
O Centro de Referência à Saúde do Trabalhador é uma unidade de saúde constituída por uma equipe multidisciplinar que tem a função de ser suporte técnico-científico no âmbito de um determinado território.
Mais informações pelo telefone 3525-2080.
São feitos aproximadamente 370 atendimentos por mês divididos entre os profissionais e os serviços oferecidos.
O local funciona de 2ª à 6ª feira, entre 7 e 16h30, na rua 2, nº 729, Centro.
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